O amor que há muito tempo
Era distância e silêncio
Resolveu marcar encontro
Naquela tarde sábado..
O deserto da paisagem
Mais libertava o amor
Que enchia todo o espaço
Daquela casa vazia
Bem velha que parecia
Ter sido sempre guardada
Para esse encontro de amor
Naquela tarde de sábado
O amor desceu das nuvens
E cara a cara com a vida
Se mostrou de corpo inteiro
Apanhou manhãs antigas
Previu as tardes futuras
Revelou as suas formas
Definiu o seu roteiro
Naquela tarde de sábado
O passado renascia
Como querendo dizer
Que as coisas que aconteceram
Foram por ele marcadas
Para testar algum dia
Até onde poderia
O amor acontecer
Naquela tarde de sábado
A palavra era canção
Adormecendo os sentidos
Sem encobrir a razão
E os suspiros eram palavras
Feitas de sons e de cor
E cada palavra dita
Era uma sentença escrita
Glorificando o amor
Os beijos que foram dados
E o amor multiplicavam
Tinham mais gosto de alma
Tinha um cheiro de infância
Nem pareciam ter carne
As bocas que se encontravam
O amor acalentado
A ternura enaltecida
Alegria de viver...
Porque vivi a paisagem
Aquela tarde de sábado
Dentro da minha lembrança
Nunca vai anoitecer.
Ronaldo Cunha Lima