A planta sente saudade
Por sentir-se no abandono
E se despe pelo outono
Por lhe faltar umidade
Antes, pra felicidade
Sentindo a dor da partida
A nuvem na despedida
Desata o nó da garganta
"A chuva é quem veste a planta
Que a seca deixou despida."
As folhas caem do galho
Deixando a planta bem nua
Quando a seca lhe insinua
Desfazer-se do agasalho
Fica chorando o orvalho
Por se sentir iludida
Mas, depois é revestida
Com pano da chuva santa
"A chuva é quem veste a planta
Que a seca deixou despida."
Vestindo um 'cinza-estio'
Pra ficar na cor da moda
O pranto entra na roda
Da seca que tece o fio
Por faltar água no rio
Vê a folhagem perdida
Mas, tal a Fênix vencida
Que das cinzas se levanta
"A chuva é quem veste a planta
Que a seca deixou despida."
Pedro Torres
Mote de Elenilda Amaral