Apelei a mais alta instância
Do tribunal do nosso amor
Pra ver se aliviava a dor
Que sinto na minha ânsia
Busquei na minha infância
Um refúgio, uma esperança
Um mandado de segurança
Para eu ser libertado
Por amar eu fui condenado
Sem ter direito a fiança
Pedro Torres
Pedi socorro a um poeta amigo meu, professor de Direito e advogado criminalista renomado, e ele respondeu:
Da rima não tenho o dom,
Da glosa, só a vontade,
De poeta só a esperança,
da métrica, só a saudade.
Mas lide é coisa que gosto,
e pleito sei fazer,
fiança, despacho e sentença,
compõe o meu mitier.
Mas amor é tranca dura,
muralha inexpugnável,
carcereiro sem ternura,
pena sem sufrágio.
Por isso poeta desculpe,
Mas este pleito vou passar,
por me faltar elementos
e sobrar vontade amar.
Poeta Geovane Moraes
Percebendo minha situação difícil, eu disse:
Apelei pro meu amigo
Que é bom advogado
Para eu ser liberado
Em um processo antigo
Correndo o mesmo perigo
Recusou-se o Doutor
Em defender-me do amor
E 'taí' o resultado:
Por amar eu fui condenado
Sem direito a defensor
Pedro Torres