Untam-se os instrumentos,
A música logo renasce...
Tanto de mim se foi... Na fumaça...
Que breve o momento passa!
Misturam-se os sentimentos,
Beijo a tua face, e amigos...
Ficamos até a sentir... Depois do tempo próprio
Em descumprir o velado, que arde...
Descortinamos o sentido da tarde!
E, de abertas as janelas algo nos invade.
Sentimos o cheiro da acolhedora chuva
E nos acena o pão, e a geléia de uva.
Tanta a saudade dessa dor doída
Da delícia da tua mordida
De na minha carne a tê-las,
Que a descoberto, vejo estrelas!
Inda cego pela pobreza, do querer riqueza.
Segue caminhando as suas veredas
E, esperando nada, tampouco, a sorte!
Estaria, pois, a planejar-lhe a morte.
Mas não morre o que já morreu
Nem se queda sem azar a lida
Expulsando do peito toda a delícia
De sentir-se nada mais, que nada.
Enfim, lembrar-se do que não finda
Tomas doutros cálices, outra medida
Apanhar as flores do campo perfumado
E sentir a brisa suave do campo iluminado.
Crer no além do que ora se apresenta
Tentar, tentar, como quem tenta
Encontrar a dita felicidade
Quem inda não acolheu em si a vida.
Dá-me uma bússula, sê meu norte
Guia-me pela escudidão de meu eu
Sê a mescla do mel e do sal
A estrela guia do meu cizento céu!
Clareia a minha visão obscurecida
Dá-me de beber da tua melhor bebida
Permitas-me observar o horizonte
E matar a sede em tua fonte.
Pedro Torres