Céu de anjos, do bem e do mal
Cobrem a cidade e tudo passa
Rasga-se a cena até que cessa
A bela cena de um ancestral
E saber que o sol fulgente ao alvorecer
Será o mesmo que viveu e morreu inda hoje
Virá a cada manhã, até sem unção de caboje
Negar o que há de vir é não amanhecer
Da pressa que incomoda os miolos
De todos que se prestam a pensar
Em ver pedras removidas do lugar
Das quebras indevidas de tijolos
A rasga-mortalha que rasga o céu
Da noite, guardiã de obscuro véu
Chega a doer tanto sentir dores
E chorar migalhas de teus amores
Desfeitos, por tão malfeitores
Vezes tanto, do saber, doutores
E não conhecem dos corações
Do sal da lágrima, nas aflições.
Rapina de hábito noturno
Que não come coturno
Tampouco a corda miúda
Daquele que não a saúda
Seja reles fartura de ratos
Dos esgotos e, já fartos,
Reúnem-se ao claro diurno
A altercar-se em outro turno.
Pedro Torres