Hoje cheguei ao inferno e até
Julguei que tudo foi pro inverno
Certo ou errado, não importa
Deixei o amor invadir a porta
Expus minhas chagas em vão
Deixei aberto o meu coração
Vi colocarem sal em minha ferida
E pela janela ser destruída a vida
Que acreditara um dia ter vivido
Não vale a pena ter tudo sentido
Saí da luta de amores combalido
Explorando com um cão vadio
Sentir de novo o maldito vazio
Não suportaria caminhar o fio
Da navalha afiada do caminho
Que o verso encurta, esvai-se
Areia movediça que se move
Ao poeta de coração pedrado
Do amor que nunca quebrara...
Uma estação restava ainda a compor
Faltava aquele do inverno, meu amor
Onde seria fartura, criatura, das flores
Eram tudo frutos doces, ora quebrados.
Covardia, onde?!
Pedro Torres