
Neste meu poesia tudo vai
À sátira dum poeta do mar
Da diva do meu dolorido ai
Da angústia inda verdade,
De o resto ferir-lhe o corte
Vai tudo, exceto a vaidade!
Frescor da brisa suave, a sorte,
Que debaixo dessa sombra tem
E o cheiro do sândalo que sangra..
É o sentir-se agasalhado ao frio
O intenso fio de rio, de um amor
O presumir-se da verdadeira flor...
Não se presentear perfumes
Às ninfas já perfumadas, oras,
É cortês, pois, saberias disso!
As encontrarias banhadas
Vez por flores confundidas
Que até o sol lhes pareceria sopesar...
As mãos replenas de só ternura
De tantas candeias em sua face
E sorrisos de verdadeira criatura.
Diz-me minha deusa, a mim
Que mereço de ti um afago, e
À tua sombra, dum regozijo...
Viver, embora reles mortal
À debicar do teu ar angelical
Morrer então feliz lá no final...
Seria como no sonho que não tive
Mas quem dera, a este ser profano
Não fosse quimera, ser tão humano!
Ter-te-ia, à fazer-me sombra um dia...
E quem sabe, comporia uma linda canção
Ao som de harpas, uma bela melodia...
Ousadia da minha parte, perdão!
Causar-te um tal disparate
Dizer de outra coisa bela,
Senão, somente tu, que és poesia
Pura e casta, das comoventes Árias.
Das cordas enternecidas, ao tocarem para ti.
Ao trinar da mais comovente lira,
Que o poeta ao derramar das suas lágrimas,
Enferrujara as cordas, que se arrebentaram no final...
Pedro Torres