Quedou-se em pranto
Meu verso branco
Tirou o manto
Rasgou o véu, subiu ao céu!
Quebrou-se o encanto
E veio o espanto e a descoberta
De boca aberta
Compartilhar saliva
Eu, Ser poeta
O teu sonho acalentar
E de dia, quem me faz companhia...
Não que eu mereça, mas que eu te esqueça
Quanto tempo devo dormir?
Para o sonho ser verdadeiro, tem que ser dormindo?
E para um sonho eterno,
Quanto tempo tenho que dormir?
Acordarmos juntos, ao amanhecer
E te conhecer
E te amar
Sem acorrentar-se à necessidade de dar
Decisões que a gente leva
Pra a cama
Pra casa, pro campo
Para o milharal, colher o milho, fazer um filho
E se embrenhar na mata densa
E suar suores que a gente não pensa
Existir
Na mata densa...
Um sonho insólito...
De goiabada ou doce de leite?
Insônia
Como é teu nome insônia?
Me dói, te saber existente
E somente dizer isso
Sem te identificar, gente
Que abril demorado...
E esse teu namorado?!
Nem vou comentar...
Que cara feia naquela nuvem!
Quem mais vê cara feia em nuvens?!
Ou estamos sós poeta...
Agora são dois, naquelas mesmas nuvens
A se olharem, feios
Mas um ainda olha, e se aproxima, pra se beijar
Mesmo sem ver, sendo nuvem
A saliva, compartilhar...
Pedro Torres