É quarta-feira de cinzas,
Dia de graça e desgraça...
Foge o perfume da lança,
Passa a ressaca da taça,
Mas a saudade que fica
É tão cruel que não passa...
Morre a batida do surdo
Que deu compasso à folia,
Finda o filme colorido
Intitulado “Alegria”.
Mas fica um gênio escondido
Cochichando em cada ouvido:
“Acabou-se a fantasia...”
Passa a chuva de confetes,
O bloco da liberdade,
O baile dos devaneios,
E o som da ‘felicidade’...
Mas, num contraste medonho,
Fica um pierrô tristonho,
Trocando a máscara do sonho
Pela da realidade...
Dedé Monteiro